Eu entendo que a gente precisa manter as nossas convicções acerca das coisas e pessoas que amamos. Mas eu também sei que, se existe alguma coisa fácil nesse mundo, é a gente se enganar com a ilusão do amor e deixar de enxergar o lado prático, racional das coisas.
Mais uma coisa que eu também aprendi nesses últimos 25 anos - infelizmente, diga-se de passagem - é que, se teus amigos de verdade cheiram merda catastrófica adiante, é porque ela vai acontecer. Não imediatamente, claro, mas eventualmente. Claro que não dá pra entrar na paranóia de achar que tudo vai dar errado e antecipar a catástrofe. Mas escutar e refletir é sempre um bom meio de evitar problemas futuros.
Isso vindo de uma pessoa que perdeu quase todos os amigos de uma só vez (Mel e Rafa, amo vocês por ficarem do meu lado!) e que, nesse processo, encontrou novos amigos que foram fundamentais pra evitar que o apocalipse acontecesse de novo (os meus Lost Boys... O Dudu e o Dani, mais especificamente). Isso vindo de alguém que viu o mal que uma pessoa pode causar a outra em nome do "amor". Isso vindo de alguém que perdeu um amigo recentemente porque, entre os amigos e a namorada, ele preferiu a namorada - mesmo com repetidos avisos de que ela é a filha do demônio (pra ser *beeeeeeem* boazinha com a moça).
Ou seja: eu já vi essa situação antes. Eu já fui centro dessa mesma situação. E o que eu aprendi com isso é que, no fim das contas, são os amigos que seguram a tua barra. Amor? Sim, amor ajuda muito nessas horas, mas se tem um tipo de amor que eu *sei* que é capaz de fazer isso, é o amor fraternal de um grupo de pessoas que tem o amor mais desinteressado possível - e *isso* é amizade.
Até porque eu li muito romance de cavalaria pra ver que amor medieval, aquele em que a palavra-chave é SACRIFÍCIO, não funciona pra mim. Até porque eu penso que homens e mulheres *de verdade*, que queiram fazer um relacionamento dar certo, vão fazer isso porque querem, não como um ritual messiânico de doação e penitência. Tipo... Eeeeeew!
E olha que meu namorado mora em São Paulo! Se eu achasse que a distância é um problema, eu nem teria começado a conversar com ele. Se eu achasse que morar a 2 estados de distância é um "sacrifício", é óbvio que eu não teria aceitado namorar com ele. Mas a gente conversou e viu que era possível manter as coisas desse jeito, e lida com isso da melhor forma possível. A Embratel agradece, mas funciona. Sem sacrifícios!
Eu só acho que tomar decisões radicais, partindo de achismos - e tudo o que foi dito, de ambos os lados, é achismo - não ajuda em nada. E tomar partido, nessas horas, pode ser uma decisão sem volta. Acho que é por isso que eu sempre tomo o partido dos meus amigos: se for pra cair, que seja onde tem mais gente, que a queda é menos dolorida.