Não é mistério que eu tenho uma relação dualista com o Natal. Adoro o clima natalino, mas acho que é uma idéia meio mágica da minha cabeça, a de que Natal é aquela época em que tudo fica iluminado, todos ficam mais felizes e o que mais importa é estar junto, e não os presentes. Admito que seria muito mais fácil encarar as coisas dessa forma se eu morasse no hemisfério norte e nevasse durante o Natal (ou ao menos fizesse frio). Mas eu vivo no calor senegalesco e esquizofrênico de Porto Alegre, e a minha família não é exatamente o grupo de pessoas mais divertido de se estar junto por um período superior a 10 minutos, então é mais fácil eu me perguntar 1) se vou ganhar alguma coisa e 2) que horas termina a festa.
Admito que esse ano as coisas foram por um caminho mais fácil, já que anteciparam a troca de presentes na casa da minha avó pra quinta-feira, porque a tia Bê e o Guga iam pra Cruz Alta. E eu tive toda uma sexta-feira chuvosa e sem luz (fato que me rendeu uma distensão muscular por descer 10 andares de escada NO ESCURO) pra me recuperar. E, tá, tudo bem, Natal é mais divertido quando tem criança junto, então a festa na casa dos Prando foi legal pra ver a Isabella ganhar uma tonelada de presentes maiores do que ela. E tinha torta de sorvete!
Então porque o domingo foi tão ruim?
Não sei. Talvez porque meus presentes tenham sido um estojo novo de sombras (e, me dói admitir, mas aquele curso "facultativo" do Juvenil foi útil) e um Boletim de Ocorrência da Delegacia do Consumidor (long sotry short, a loja onde meus pais compraram meu computador faliu, levando metade do valor, já pago, junto). Talvez porque, depois do 18.324.734o jogo de Bejeweled 2 eu tenha perdido o ânimo. Ou a maratona de Lost e Grey's Anatomy. Não sei. Sei que chegou um ponto da noite em que eu estava me sentindo um lixo e precisava conversar, e um dos grandes motivos de eu estar chateada é justamente o fato de que, quando eu me sentia assim antes, eu costumava ligar pra uma pessoa e agora não consigo mais...
E eu sei que só por um desses milagres que se vê em filmes do Chris Columbus que passam na Sessão da Tarde na semana antes do Natal, liguei pro meu primo e ele disse "Quer que eu passe aí?" e ele foi lá em casa.
E aí que, apesar do frio (frio! no verão! em Porto Alegre), a gente conversou, riu e ele conseguiu me acalmar e dizer que eu sou uma pessoa normal e querida e competente, tudo daquele jeito tosco e completamente ofensivo que só ele consegue. Já é a segunda vez esse mês que ele me salva. Não tenho palavras pra descrever como isso me deixa feliz.
O mais engraçado é que hoje, nas random quotes do Google, tinha o final daquela poema do Frost que a gente tanto gostava na época do colégio. Tipo, total coincidência daquelas de te fazer pensar se é coincidência ou destino. Então que, apesar das crises, e das chutações de balde, e da total e completa sensação de não saber o que fazer, essas palavras marcam mais do que qualquer coisa:
I took the one less traveled by,
And that has made all the difference.