E eu, por muito tempo, acreditei que isso valia para mim também.
Mas não é verdade. Pelo menos não no meu caso. Até porque há tempos deixei de encarar relacionamentos como a chave para a resolução de todos os meus problemas. Eles podem ser a parte boa da vida, mas nunca *toda* a vida de alguém. Mas não era sobre relacionamentos que eu queria falar.
O que eu queria falar é que a minha incapacidade de escrever vem se arrastando há meses. Antes de eu conhecer o Chico, antes de eu cair nessa zona confortável do limbo emocional. Eu sei que isso é comum, porque eu me conheço suficientemente bem pra saber que eu tenho períodos mais ou menos criativos, mais ou menos ativos em relação à escrita. Os arquivos desse (e do falecido) blog são mais do que indicativos dessa minha alternância de humores.
Mas, nos últimos seis meses, esse deslocamento emocional se fortaleceu de tal modo que eu simplesmente travei. Não consigo mais escrever. Quer dizer... Consigo, ou esse blog estaria parado desde então. Consigo, porque de vez em quando sai alguma coisa que presta, mesmo que não seja publicada. Só que não é mais aquela coisa orgânica, natural, diária, como era antes. E eu sinto falta de fazer isso, eu sinto falta de escrever como parte da minha rotina, de alinhar meus pensamentos na tela pra que vocês possam ler.
Coincidentemente, nesse mesmo período, eu tenho encontrado uma dificuldade enorme pra ver filmes. Pra me concentrar em filmes, pra *querer* estar numa sala de cinema, no escuro, prestando atenção na tela. Eu tento e, eventualmente, consigo. Ou, em casos de obrigação moral, me arrasto até a sala e, num passe de mágica, retomo por algumas horas aquela sensação de paz que sempre senti nas salas de projeção. Tudo isso para, em seguida, voltar ao marasmo de sempre, no minuto em que meus olhos voltam a enxergar não o filme, mas o corre-corre do shopping.
Não sei se a minha dificuldade em escrever está relacionada à minha dificuldade em ver filmes. É provável, já que eu sempre guiei minhas idéias e meus sentimentos a partir daquilo que os filmes me fazem sentir. Filmes e seriados sempre foram os meus oráculos, mas alguma coisa quebrou no caminho e eu não sei se eu é que não estou enxergando as respostas ou se estou fazendo as perguntas erradas.
Só sei que, a cada dia que passa e eu olho as datas dos posts cada vez mais distantes entre si, eu me sinto vazia. Como se a falta de assunto equivalesse a uma falta de conteúdo em mim. E isso não tem nada a ver com eu estar feliz ou não. Até porque eu estou confusa demais pra saber o que eu sinto.
Então eu não sei se a solução é escrever para voltar a amar os filmes. Ou voltar a ver os filmes, por mais torturante que seja a experiência, para assim voltar a escrever. Ou resolver de uma vez os nós da minha cabeça, para que escrever e ir ao cinema voltem a ser atividades tão corriqueiras na minha vida quanto andar e respirar.
Eu só sei que preciso acordar, e logo.