Ok, cinco anos e muitas idas ao Cinemeando no Garagem depois, eu saí da Famecos sabendo muito mais de cinema. Não só aquela coisa factual na qual eu me prendia antes. Eu sabia coisas técnicas, coisas práticas. EU DIRIGI UM FILME! Mas durante todo aquele tempo, o que mais me marcou foi uma martelada constante na minha cabeça:
"Por que tu não escreve sobre cinema?"
Porque - era sempre a minha resposta - se eu for escrever sobre filmes, eu vou deixar de gostar deles. Eu acreditava nisso. Ainda acredito. Conviver com gente que faz cinema, que respira cinema, me fez ver que, uma vez mergulhada nesse mundo, meus olhos de espectadora nunca mais seriam os mesmos. E eu não queria perder o ar de encantamento que assistir um filme me dá. Por isso eu sempre fiquei longe das resenhas de filmes (salvo as minhas tentativas no Refém do Sofá) e um ou outro comentário por aqui. Eu gosto demais de cinema pra deixar de gostar de cinema por só falar em cinema.
(Mas eu gosto demais de tênis e passar dois anos escrevendo sobre tênis não me fez gostar menos - fez até eu ficar mais fanática. Anyway.)
Aí eu surtei, fiz vestibular e fui parar na Letras. Os últimos dois anos e meio foram divertidos, pra não dizer outra coisa. O que mais me impressionou, no entanto, foi o quanto eu sei - e gosto - de literatura. Tá, eu sempre fui meio traça, mas como os filmes, eu sempre fui ex-tre-ma-men-te seletiva com os meus livros. Era tudo praticamente fun, fun, fun e olhe lá! Vide o meu amplo conhecimento de literatura juvenil, no auge dos meus 26 anos.
Ou seja, gostar de literatura eu sempre gostei. Mas saber? Entender? Pensar sobre? Eu descobri há pouco. E é divertidíssimo. E eu quero escrever sobre isso! Não sei se foi essa guinada acadêmica que eu dei esse ano, mas cada vez mais eu me encanto com alguma coisa. E aprendo com algum autor. E crio teorias mirabolantes na minha cabeça pra justificar comportamentos injustificáveis de personagens com os quais eu simpatizo (a minha preferida é a do irmão gêmeo mal do Stanley Kowalski, porque isso significaria DOIS MARLON BRANDO - no auge dos seus vinteepoucosanos - na minha vida).
Até agora, a literatura não me cansou. A literatura não me assustou, como o cinema fez. No máximo, a literatura me faz cada vez mais querer ler. E escrever.
(O fato de eu ter parado de ir ao cinema e de ver filmes ter acontecido quase ao mesmo tempo é mera coincidência).
Eu sei que nunca um prazo final foi tão empolgante, tão inspirador, quanto o que eu encaro nesse momento: dia 8 eu entrego meu projeto de pesquisa. O bebê que eu vou carregar pelos próximos 18 meses, preparando terreno pra coisas maiores, mais divertidas (que incluem a Melissa, mas sem conotação sexual, tá Giovanni? :P).
E só o que eu quero nesse momento é me enroscar no edredon e ler.