Informativo da praia de Arroio Teixeira - Ano 3 - nº 2
:: Editorial ::
Como eu disse, não faz muito sentido matar alguma coisa se eu não tiver o poder de ressuscitá-la. Nesse caso, mesmo que eu não pudesse, eu daria um jeito de fazer uma edição especial do Pinscher. Mas a questão é, esse foi o primeiro Natal que nós passamos no Texas, um Natal que teve cara de tudo, menos de Natal, e por isso mesmo foi divertidíssimo.
Em que também descobrimos que a tendência fogueteira dos gringos do Texas *não* se restringe ao Ano Novo e ao Campeonato de Pesca. A cada cinco minutos, tinha um rojão estourando.
Essa edição sai com semanas de atraso por questões técnicas e físicas. Mas saiu, tá?
:: Era uma casa muito engraçada ::
A casa do Texas não é grande, mas é cômoda. Geralmente, dando uma apertadinha e forçando a logística, todo mundo consegue dormir (mesmo que algumas pessoas se resignem a enfrentar os mosquitos da sala a dividir o quarto comigo, hmpf). Achei que dessa vez a casa ia estar mais triste, já que os SuperGêmeos ativaram seus anéis e foram encher a Itália de piterodáctilos e baldes de gelo. Ou a Alemanha, já que eles foram pra lá no Natal.
Mas eu esqueci que o Povo de Floripa, além daquele sotaque esquisito, é meio fora da casinha, então eu lembro que a casa só ficou quietas das duas às seis da manhã, que era o único período em que TODOS estavam dormindo.
E olha que o Povo de Floripa estava pousando na casa do outro lado da rua.
:: Vai, Wilson, vai! ::
O Binho é uma figura. O Binho é o xodó da família pura e simplesmente por ser o ÚNICO XY dos dois lados da árvore genealógica. Adicione a isso duas primas emprestadas (eu e a Bebe), e o menino *sabe* que é bendito fruto. O que não impede ele de ser uma das criaturas mais meigas do universo, apesar de colorado. E quando ele resolve admitir tendências travestis na mesa do jantar? E quando ele resolve mostrar conhecimentos avançados de coreografias bizarras? E quando ele tira a Bebe no amigo secreto e diz que o presente reflete "o espírito dessa família": uma lata de biscoitos e um pacote de papel higiênico? Não tem preço.
:: Nereu e Lulinha ::
Nereu e Lulinha são os dois canários do Tio Angelo. São eles os responsáveis pela trilha sonora incidental da casa, acompanhados vez que outra dos canários da terra que cercam a casa. O Nereu não canta, só pia esganiçadamente sempre que alguém abre a boca, um guincho incômodo que mostrava o quanto ele morria de inveja do Lulinha que, mesmo com sua patinha acidentada, cantava plena e alegremente. Até que o Nereu se irritou e se pôs a cantar. E cantar. E eu fiquei quatro dias lá e não ouvi mais o Lulinha piar.
:: Indicado para crianças maiores de 3 anos ::
A Isabella, filha da Mirella e do Vicente, tem três anos e ama a boneca Polly. Uma boneca cujo objetivo eu nunca entendi. Ok, eu nunca fui fã de bonecas do gênero, preferia aquelas bonecas bebê, tipo Chuquinhas. Eu era uma criança anti-Barbie (o que não impediu o incidente trágico com a Fani tanto anos atrás que resultou no meu História e Glória da Dinastia Pato rasgado e jogado numa poça d'água, além dos dedos da Dona Iris impressos no meu braço por uma semana). Mas a Barbie ainda tinha, pela lógica, toda a coisa do "ter a boneca e comprar acessórios". Já a Polly não. Cada acessório *vem* com uma boneca, e eu não sei como ela consegue lidar com tanta gente. Especialmente se ela for que nem eu e nomear todas as criaturas que ela tem (eu nomeio minhas coisas até hoje, e meus amigos *chamam* as minhas coisas pelo nome).
No fim das contas, eu vi a Fani, o Binho, a Gio, a Mirella, o Vicente, o Seu Gilberto e o Tio Angelo brincando de Polly. Menos a Isabella.
:: E o nome dela é... ::
Estávamos eu e a Bebe num dos raros momentos de atividade externa (passamos boa parte do feriado no Quarto do Joaquim Manoel: eu, lendo; ela, fazendo sonoterapia e terminando How To Be Popular antes de mim) na varanda, quando ouvimos a vizinha chamando pela Joana. Com direito a gritinhos de "vem com a mamãe!". A que eu prontamente imagino ser a tal Joana um bebê ou pelo menos uma menina com a idade da Bella.
Era uma pinscher.
A mesma vizinha começa a bradar por uma tal de Angélica. Frases curtas e diretas, tom mais severo. Nos olhamos, eu e a Bebe, e imaginamos qual seria a raça da tal Angélica.
Era uma guria.
Pessoas que gostam de animais *podem ser* estranhas.
:: Brincando de Indiana Jones ::
Devido a uma... ahn... emergência, descobrimos a razão pela qual absorventes íntimos de outrora eram chamados de "tijolões".
:: AKACHAAAAAAAN ::
Como eu disse, o feriado teve cara de tudo, menos de Natal. Especialmente porque juntou três gerações de uma mesma família, mais alguns agregados (incluindo a Dona Iris) comemorando o título mundial do Inter. Nós, pobres gremistas, estávamos em minoria absoluta (eu e Seu Gilberto, a princípio, já que o Vicente só apareceu na segunda). A sorte daquele bando é que nós somos gremistas solidários, porque senão teria sido complicado.
E a que conclusão chegamos?
Bebuns são vermelhinhos e veraneiam em Arroio Teixeira.